Alerquins no meio do ano.

 
Dez anos se passaram desde aquele encontro "marcado" com as bênçãos da Igreja a nossa frente, entre máscaras, luzes e a lua, entre milhares de pessoas, a gente se esbarrou. E deu super certo naquele momento. Dez anos se passaram desde o dia em que eu subi a serra e você desceu a ladeira. E dali em diante, nada mais foi o mesmo. 

Você diz que as coisas te ampliaram pra menos. Eu digo que, você se ampliou pra menos. Eu fui de zero a cem em me apaixonar e te querer perto tantas vezes, por tanto tempo, e com o passar dos (d)anos eu vi que eu segurava uma corda já solta do outro lado. Eu remava sozinha num barco furado. Eu estava à deriva nesse mar de (des)amor, esperando um resgate que nunca viria de você. Nunca veio. 

Eu te encontrei tantas vezes, te beijei tantas vezes, ficamos tantas vezes, quase transamos, mas tudo isso não passou de um devaneio. Pra você era um veraneio mesmo, uma paixãozinha qualquer que não rende nem uma minissérie no catálogo da Netflix. 

Você ardia em desejo físico por mim, eu ardia por você por inteira. Entre versos, textos (muitos), sorrisos, afetos, saudades, esperanças. No fundo eu ainda acreditava: pode ser ele, quem sabe lá na frente, talvez haja um sinal. Mas não havia sinal algum. Era um sinal para eu ir embora e esquecer, mas tantas vezes eu não fui. Tantas vezes hesitei e voltei atrás. E assim se passaram anos e anos, com aquele sentimento dos piores que existem: "e se?"

Eu andava em círculos, eu girava e caía novamente nas suas mãos, suas mãos esguias, que não me seguravam por mais de dois dias. Suas mãos, seu corpo, você. Os sinais estavam ali, eu só não queria enxergar. 

Hoje eu completo o seu pensamento falando sobre mim mesma: as coisas me ampliaram pra frente, pras possibilidades imensas de viver. E eu vivo, eu não sobrevivo. Eu vivo intensa, forte, sobretudo: intensa no sentir. Ainda me permito alegrias e paixões. Ainda me permito o amor. Espero que um dia você saiba ser assim. 

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