A única pessoa que não pode desistir de você é você mesmo(a).


 Pessoas cansam uma das outras. Isso é fato. Elas desistem com facilidade hoje em dia. Pessoas vêm e vão, surgem, desaparecem, reaparecem, nos apagam da memória, nos guardam, nos acolhem, nos largam, nos beijam, nos abraçam, nos enlaçam, nos cativam, nos deixam no dia seguinte... Aquela velha história que coração do outro é terra que ninguém vê por inteiro. 

Eu já pensei muito sobre isso, talvez até em demasia. Me torturei entre memórias, fotos, frases, textos, diálogos, mensagens, ligações, encontros, sorrisos, momentos, histórias. Do amor a amizade, já vivi vários "pra sempre" que duraram meses. Anos. Dias. Um carnaval (?) e entre os piores momentos, eu me salvei da corda bamba do sentir muito e do sinto muito, me amando primeiro e um pouco mais. 

A verdade é que a gente nunca vai estar preparado para despedidas. Para desencontros, para o desconhecido. Para a feição que nasce e a que morre, para o olho no olho e os olhos que se desviam. Para as desistências, os cortes de contato repentinos, um pouco mais breves, com menos palavras. Tem pessoas e pessoas, e quando percebemos que pessoas são só pessoas, percebemos também que ser deixado de lado é mais frequente do que imaginamos.

Aprendi isso cedo, talvez até cedo demais, vivi e convivi com histórias de desamor, "desamizade", da qual me questionei mil vezes mais do que deveria sobre quem eu era e se eu estava sendo uma boa pessoa, se estava tomando as decisões corretas e fazendo um balanço do que eu tinha feito de errado, procurando pelo em ovo pra tentar consertar algo que outra pessoa quebrou dentro de mim. Procurando meios de solucionar um laço que foi solto do outro lado, do qual eu não tinha controle algum.

Rezei, orei, pedi conselhos espirituais, as revistas de adolescentes, aos horóscopos, aos Deuses, aos pagãos, aos ateus, ao padre, as comunidades do orkut, ao yahoo, as pesquisas, aos livros, aos amantes, aos idosos, aos adultos, aos adolescentes, ao universo. Usei de todos os meios possíveis para desdobrar algo que eu nem criei. Que eu só mentalizei mesmo que poderia ser eu o problema. 

Com o passar do tempo e das experiências, eu finalmente entendi: eu estava desistindo de mim para caber no sapato de outra pessoa. Eu estava apertada num 34 enquanto calçava 37. Estava assumindo uma desistência interna de tudo o que sou, pra caber na vida de outras pessoas. E nisso, estava fadada ao fracasso e ao fim da autodescoberta sobre mim, pois vivia a sombra de outras vozes que ecoavam e julgavam. 

Eu conspirei contra mim mesma na tentativa de muitas vezes ser aceita, ser amada, ser querida, ser perfeita. E nisso, acabava dentro de mim toda magia de ser única no mundo. Eu acreditava que isso era coisa de filme, e eu só precisava me encaixar. 

Quando eu acordei desse sonho torto e bizarro, me deparei com uma criança interior abatida e frustrada, com o simples fato da minha desistência de mim mesma. Então a acolhi nos braços, enxuguei suas lágrimas, acariciei o seu cabelo, olhei no seu olho e prometi a ela: daqui pra frente qualquer um pode desistir de você, menos eu.

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