Você espera ela ir para ver que a ama.

   Você espera a discussão acontecer, para dizer o que não estava agradando. Você se cala quando fica chateado quando deveria dizer o que está errado. Você espera a lacuna da distância se instalar entre vocês, para então perguntar se algo não está bem. Você espera o silêncio chegar para notar que deve ter falado algo errado, ou deixado de falar algo. Você espera o céu nublar para dizer o quanto gostou daquela viagem que fizemos no verão do ano passado.

    Você espera ela dizer que sente saudades suas para assim, também dizer que sente também, tirando a espontaneidade das ações. Você espera ela se chatear com as suas atitudes para que você tente procurar mudanças. Você espera ela te encher de carinho com palavras para perceber que se manteve distante e coberto para não parecer tão interessado. Você espera ela reclamar dos dias, para então notar que deve vê-la novamente. Você espera ela te dar uma lembrança que ela encontrou que lembrou você para lembrar que nunca lembrou de nada pra ela.

     Você espera ela se entristecer para notar que (talvez?) fez algo que não agradou. Você espera a distância entre vocês aumentar entre quilômetros e palavras, a saudade bater, para ver que precisa e quer, ela perto. Você aguarda ela falar declarações mínimas e palavras amorosas, para então dizer alguma coisinha para igualar as que ela lhe disse, tudo muito controlado para que não seja um romântico grudento e, principalmente, não se ver como tal.

    Você espera ir para ver que ama. E você a deixou ir.