Chuva. Sonhos. Choros.





A manhã começara chuvosa. Olhei no despertador ao lado da cama, ainda eram 5:30. A chuva que caía, trazia nostalgia e tristeza. Comecei a lembrar de tudo como se tivesse rebobinado uma fita. Tudo o que eu evitei lembrar nessas últimas semanas, desabou pela janela do quarto, escorrendo em meio as vidraças, deixando o vidro embaçado e frio. Sentei na cama, o sono havia desaparecido. Balbuciei algo como: Porquê? e comecei a chorar. Me senti num labirinto complexo de sentimentos.

 E o que eu poderia dizer? A culpa é toda minha. Eu não consigo me controlar o bastante para evitar as dores. Eu sofro por antecipação. Eu choro calada, sentada no tapete do quarto. Eu fico perdida em pensamentos debruçada na janela do prédio. E vou na biblioteca sempre que posso, pois assim, quem sabe eu não te encontro por lá. Sim, você me faz falta. Uma falta absurda e sem nexo.

 E as horas passavam mais rápido agora. A chuva estava incompreensível, o céu nublado, e a janela continuava a jorrar pingos pequenos. Lembrei que tinha aula e dei um pulo da cama. Hora de tomar um banho, um café expresso, comer umas torradas e evitar pensar na vida. Evitar me magoar e me culpar. Evitar a nostalgia e a melancolia que acontece quando me lembro de você. E começo a recordar de tudo, tudo o que já vivi, amores, viagens, sonhos esquecidos dentro da gaveta da escrivaninha antiga...

 Mas a culpa maior é sua. Me dei conta disso justamente nesta manhã chuvosa. A culpa é sua, toda sua. Você não se esforçou o tanto quanto eu para que tudo seguisse bem. Não me procurou, não deixou recado na secretária, caixa de correio vazia, telefone mudo. E eu me dei conta de que, quem sente, corre atrás. Quem gosta de verdade, corre atrás. Quem ama, corre atrás. Independentemente do que os outros irão julgar, ou de quem cedeu primeiro.

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